sexta-feira, 22 de abril de 2011

Candido Rondon


Foi com um olhar humanista para os índios brasileiros que Candido Rondon entrou para os livros de história. Além de ser o responsável pelo aperfeiçoamento e expansão do sistema de telecomunicação no país, foi também um desbravador das terras até então esquecidas pelo governo e um defensor dos direitos indígenas. 


Candido Rondon!

Candido Rondon nasceu em 05 de maio de 1865. Vindo de família pobre e que acabou sendo órfão de pai e mãe com apenas dois anos de idade. Foi viver com um tio paterno em Cuiabá, concluiu o curso secundário indicando um futuro promissor na área das exatas, mais precisamente na matemática. Naquela época haviam apenas dois caminhos que um jovem poderia seguir no interior, entrar para o exército ou para o seminário. Rondon escolheu o exército. Em 1890 conclui sua graduação bacharel em Ciências Físicas e Naturais e foi promovido à tenente.

Rondon tinha um espírito de desbravador dentro de si, mesmo com promissora carreira de docente, no primeiro convite que recebeu para viajar pelo Brasil, não hesitou em dizer que sim. Aceitou o convite para construir linhas teleféricas no interior do país, e nessa tarefa acabou sendo o responsável pelo mapeamento e reconhecimento de muitas regiões até então deixadas de lado pelo governo.

Foram diversos combates entre o homem branco e os indígenas, porém Rondon seguia os ideias do Positivismo. Os militares queriam matar os indígenas, mas Rondon queria pacifica-los. “Morrer se for preciso, matar nunca!” Era assim que Rondon controlava seus soldados. Muitos oficiais, soldados e trabalhadores foram mortos pelos índios porque desistiram de matar. Os ideais de Rondon acabaram influenciando a todos, pacificação sem guerra. E desse jeito muitos deixaram-se matar.

Para fazer com que os índios acreditassem em sua palavra, Rondon deixava presentes em clareiras próximas às aldeias, nunca passava desse local. Ficava esperando que os índios percebessem que ele queria se aproximar sem que houvesse divergências entre ambos os lados. O desbravador chegou a ser almejado com flechas em um combate, a sua defesa foram dois tiros para o alto, indicando que o problema poderia ser resolvido sem violência.


Foram mais de 1.500km de linhas teleféricas instaladas até 1891, até seus últimos dias de exploração Rondon chegou próximo dos 7.000km. Foram tantas viagens dentro do Brasil que ele caminhou o equivalente a duas voltas ao redor do planeta, aproximadamente 40mil quilômetros. Com certeza ele foi um dos últimos grandes exploradores, e o mais importante que já existiu no Brasil.

Rondon foi o responsável pela criação do SPI – Serviço de Proteção aos Indios. Esse órgão responsabilizava-se por, primeiro, deixar o exército responsável pela pacificação das tribos e, em segundo, o governo que deveria tomar essa responsabilidade. Durante anos tudo funcionou, até que o SPI virou uma órgão dentro do Ministério do Trabalho e todo o esforço de Rondon se perdeu. Depois de alguns anos os grandes latifundiários começaram a sequestrar os jovens índios para serem seus empregados. Nessa hora Rondon retornou ao serviço.

Transferindo o SPI para o Ministério da Agricultura, Rondon trabalhou até seus últimos dias de vida tentando proteger os indígenas. O marco mais importante de todo o seu trabalho foi a criação da Reserva Indigena do Xingu, em 1952, e a pacificação dos índios xavantes. Rondon morreu aos 93 anos, sendo reconhecido como o maior explorador das terras tropicais e um defensor da não violência na pacificação dos índios brasileiros. É como se Rondon fosse uma mistura do Coronel Fawcett com o Ghandi.


Rondon dizia que os índios eram os mais brasileiros de todos os brasileiros.  Uma pena que hoje a imagem do indígena no Brasil esteja totalmente manchada. Talvez por decorrência dos interesses políticos e econômicos dos quais as tribos se vem envolvidas toda vez quem alguém tenta abusar dos seus direitos, seja por ganancia ou então  na destruição do meio ambiente. O que resta do trabalho de Rondon são índios de havaianas, calção da seleção de 98 e camisa de partido... os verdadeiros xavantes e xingus, só na memória dos pajés que ainda estão vivos.

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